Os sistemas legados continuam sendo uma realidade em muitas organizações ao redor do mundo. Apesar de sua importância histórica e funcionalidade, eles carregam um conjunto de vulnerabilidades e ameaças que podem colocar em risco a segurança e a eficiência operacional das empresas. 

Com o avanço da transformação digital, a necessidade de modernizar essas soluções nunca foi tão urgente. 

Neste artigo, abordaremos os principais desafios associados aos sistemas legados, as características que os definem e como empresas podem mitigar riscos enquanto planejam sua evolução tecnológica.

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O que é um sistema legado?

Sistema legado, o que é

Um sistema legado é um software, infraestrutura ou aplicativo desenvolvido há muito tempo e que, apesar de ainda ser utilizado, apresenta tecnologias e práticas desatualizadas. 

Esses sistemas foram projetados para atender às demandas de um momento específico no passado, mas muitas vezes não conseguem acompanhar as necessidades atuais de desempenho, segurança e integração. São frequentemente encontrados em setores como financeiro, manufatura e saúde, desempenhando funções críticas para o funcionamento das organizações.

Um dos problemas centrais com sistemas legados é sua rigidez. A maioria deles foi projetada para operar de maneira independente, dificultando a integração com novas tecnologias. 

Além disso, por serem baseados em linguagens de programação ou infraestruturas ultrapassadas, a falta de suporte de fornecedores ou especialistas qualificados se torna um grande obstáculo para a manutenção.

Principais características dos sistemas legados

Sistema legado, características

Os sistemas legados apresentam uma série de características que os tornam facilmente identificáveis e, muitas vezes, desafiadores para as empresas que ainda dependem deles. 

Tais características podem ser divididas em aspectos técnicos, operacionais e de usabilidade, refletindo as limitações impostas por sua obsolescência tecnológica. Entre as principais, destacam-se:

Uso de tecnologias ultrapassadas

Uma das marcas registradas dos sistemas legados é o uso de linguagens de programação antigas, como COBOL, e de plataformas que não recebem atualizações regulares. 

Essa defasagem tecnológica não apenas reduz a eficiência operacional, mas também expõe as empresas a um maior risco de falhas e ataques cibernéticos, uma vez que as vulnerabilidades conhecidas desses sistemas permanecem sem solução.

Integração limitada

Os sistemas legados têm dificuldade em se conectar a soluções modernas, como APIs, serviços baseados em nuvem ou plataformas de dados avançadas. 

A falta de flexibilidade os transforma em verdadeiros gargalos para a inovação, dificultando a implementação de tecnologias que poderiam otimizar processos, melhorar a experiência do cliente e aumentar a competitividade.

Manutenção complexa

Manter sistemas legados funcionando é uma tarefa custosa e complicada. A escassez de profissionais qualificados para lidar com tecnologias antigas eleva os custos e dificulta a realização de ajustes ou reparos. 

Além disso, a documentação limitada ou inexistente desses sistemas muitas vezes torna a manutenção ainda mais desafiadora, prolongando o tempo necessário para corrigir problemas.

Dependência crítica

Em muitos casos, os sistemas legados são tão profundamente integrados às operações diárias que sua substituição se torna um processo extremamente arriscado. 

Tal dependência crítica faz com que muitas empresas hesitem em modernizar, mesmo reconhecendo as limitações e os riscos associados à continuidade de uso desses sistemas.

Interfaces desatualizadas

Frequentemente possuem interfaces gráficas ou de uso pouco intuitivas, criadas em épocas em que a usabilidade não era uma prioridade no design de software. 

É uma característica que afeta negativamente a produtividade dos usuários, pois precisam gastar mais tempo para realizar tarefas simples ou enfrentar curvas de aprendizado prolongadas.

Exemplos de sistemas legados

  1. Mainframes: utilizados em bancos e grandes corporações para processar grandes volumes de transações. Apesar de serem confiáveis, muitas dessas máquinas operam com tecnologias de décadas atrás.
  2. Softwares em COBOL: programas escritos nessa linguagem ainda são amplamente utilizados no setor financeiro e governamental. No entanto, a falta de desenvolvedores familiarizados com o COBOL aumenta o risco de falhas.
  3. Sistemas ERP desatualizados: gerenciam estoque, vendas e contabilidade, mas carecem de atualizações para se integrar a novas tecnologias e atender às demandas de expansão.
  4. Sistemas de gerenciamento hospitalar antigos: utilizados para registro de pacientes e administração de recursos, esses sistemas muitas vezes não conseguem atender às exigências de segurança e conformidade regulatória.

 

Que tipo de organização mais usa sistemas legados?

Embora sistemas legados sejam encontrados em diversos setores, eles são particularmente prevalentes em organizações que dependem de processos complexos, grandes volumes de dados ou regulamentações rigorosas:

 

Instituições financeiras

Bancos e seguradoras frequentemente lideram o uso de sistemas legados. 

Esses sistemas robustos são essenciais para gerenciar grandes volumes de dados e transações financeiras diárias, garantindo a estabilidade e a segurança das operações. No entanto, a migração para novas tecnologias é extremamente desafiadora, devido à complexidade dos processos financeiros, à necessidade de continuidade ininterrupta e ao alto custo associado a essas mudanças.

Setor público

Órgãos governamentais, tanto em níveis locais quanto nacionais, frequentemente dependem de sistemas legados para suas operações. Isso se deve, em grande parte, à burocracia envolvida na aprovação de orçamentos para modernização e à percepção de que a atualização desses sistemas representa altos custos. 

Como resultado, muitos desses órgãos continuam utilizando tecnologias desatualizadas, o que pode dificultar a prestação de serviços públicos eficientes e seguros.

Manufatura

Empresas do setor industrial enfrentam desafios específicos com sistemas legados que controlam linhas de produção e processos logísticos. 

Esses sistemas, muitas vezes integrados de maneira profunda às operações, tornam-se barreiras à adoção de novas tecnologias associadas à Indústria 4.0, como IoT (Internet das Coisas) e automação avançada. 

A dificuldade em se modernizar pode levar à perda de competitividade no mercado global, especialmente em setores industriais de ponta.

Saúde

Hospitais, clínicas e outros provedores de serviços de saúde frequentemente utilizam sistemas legados para gerenciar informações sensíveis de pacientes. Porém, muitos não estão preparados para lidar com os requisitos modernos, como os estipulados pela LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). 

Vale ressaltar que a falta de integração com novas tecnologias é um fator crucial que pode comprometer tanto a segurança dos dados quanto a eficiência no atendimento aos pacientes.

Desafios e riscos dos sistemas legados

Para sintetizar os desafios desses sistemas, destacamos os riscos e desvantagens primordiais que não devem ser subestimados:

 

Segurança

Um dos riscos mais críticos dos sistemas legados está relacionado às vulnerabilidades de segurança. 

Por serem desenvolvidos com tecnologias ultrapassadas, esses sistemas frequentemente não contam com atualizações regulares de segurança, tornando-os alvos fáceis para hackers. 

No Brasil, a manutenção de sistemas legados sem atualizações de segurança tem se mostrado uma vulnerabilidade significativa para as organizações. 

Em 2021, o Centro de Prevenção, Tratamento e Resposta a Incidentes Cibernéticos de Governo (CTIR Gov) emitiu um alerta destacando que esses sistemas, por utilizarem tecnologias obsoletas, frequentemente não recebem atualizações de segurança, tornando-se alvos fáceis para agentes maliciosos. 

Ataques que exploram essas vulnerabilidades podem resultar em incidentes persistentes e de difícil mitigação, complicando as etapas de contenção e erradicação previstas nos planos de resposta a incidentes cibernéticos.

Além disso, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) registrou 636 incidentes de segurança nos primeiros três anos de vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Os incidentes mais frequentes envolveram sequestro de dados, exploração de vulnerabilidades, acesso não autorizado a sistemas de informações e roubo de credenciais. 

Embora não especificados, é provável que uma parcela desses incidentes esteja relacionada a falhas em sistemas legados.

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Baixo desempenho

À medida que as demandas de processamento e armazenamento crescem, os sistemas legados frequentemente se mostram incapazes de acompanhar as exigências modernas. 

Isso resulta em lentidão nas operações, gargalos em processos críticos e, consequentemente, insatisfação dos usuários, tanto internos quanto externos, pois afetam a produtividade e a experiência do cliente.

Alto custo de manutenção

Manter os sistemas legados em funcionamento é, muitas vezes, mais caro do que substituí-los por novas tecnologias. 

A falta de especialistas qualificados para trabalhar com tecnologias desatualizadas, somada à complexidade desses sistemas, aumenta exponencialmente os custos de manutenção. 

A longo prazo, esses custos acumulados podem ultrapassar o investimento necessário para a modernização.

Falta de conformidade regulatória

À medida que normas e regulamentações, como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), se tornam mais rigorosas, os sistemas legados frequentemente falham em atender a esses requisitos. 

Em outras palavras, colocam as empresas em risco de multas e penalidades, além de aumentar o risco de litígios e perda de confiança por parte de clientes e parceiros.

Perda de competitividade

Em um mercado cada vez mais impulsionado pela inovação, empresas que continuam dependentes de sistemas antigos inevitavelmente perdem relevância. 

A incapacidade de integrar novas tecnologias e oferecer soluções mais ágeis e modernas pode impactar diretamente a capacidade da empresa de se destacar no mercado, resultando em perda de clientes e oportunidades.

Por que os sistemas legados ainda estão em uso hoje?

Embora tragam diversos desafios, os sistemas legados continuam sendo amplamente utilizados por muitas empresas devido a uma combinação de fatores, os quais podem ser compreendidos melhor ao analisarmos os seguintes aspectos:

  • Dependência operacional: em muitos casos, os sistemas legados desempenham um papel crucial no funcionamento diário das empresas. Eles foram desenvolvidos para atender necessidades específicas e, ao longo dos anos, se integraram profundamente aos processos de negócios. Dessa forma, substituí-los poderia causar interrupções significativas, prejudicando não apenas a produtividade interna, mas também a experiência do cliente e o desempenho geral da organização.

  • Custo de substituição: a modernização tecnológica frequentemente exige um investimento inicial substancial, o que representa um grande desafio para empresas com margens financeiras restritas ou prioridades orçamentárias voltadas para outras áreas críticas. Além disso, o retorno sobre o investimento (ROI) de novos sistemas pode não ser imediato, gerando receios sobre a viabilidade financeira de uma transição completa.

  • Risco de interrupção: a migração para um novo sistema não é apenas um processo técnico, mas também estratégico e operacional. Durante a transição, é comum que as operações enfrentem períodos de instabilidade, o que pode impactar negativamente tanto os clientes quanto os parceiros de negócios. Por essa razão, muitas organizações hesitam em correr o risco de descontinuidade, especialmente em setores altamente competitivos.

  • Falta de planejamento estratégico: em diversos casos, a modernização dos sistemas não é priorizada devido à ausência de uma visão clara e estruturada para o futuro. Empresas que não possuem uma estratégia de longo prazo para modernização frequentemente acabam adiando esse processo indefinidamente, seja por falta de conhecimento sobre as vantagens das novas tecnologias ou por um enfoque excessivo em resolver problemas imediatos.

Como modernizar sistemas legados

A modernização de sistemas é um processo estratégico que pode ser abordado de diferentes maneiras, dependendo das necessidades específicas da organização e da complexidade do sistema em uso. 

O objetivo principal é equilibrar a continuidade das operações com a adoção de tecnologias mais avançadas, garantindo maior eficiência, segurança e competitividade. Entre as principais abordagens estão:

 

Reengenharia

Esse método envolve a atualização de componentes específicos do sistema legado para torná-los compatíveis com tecnologias modernas. 

Por exemplo, é possível implementar APIs que conectem o sistema antigo a soluções atuais, ampliando sua funcionalidade sem a necessidade de uma substituição completa. 

A reengenharia permite aproveitar os investimentos já realizados enquanto se prepara o terreno para inovações futuras.

Migração para a nuvem

Adotar soluções em cloud computing é uma das estratégias mais eficazes para modernizar sistemas legados, pois resolve problemas críticos enfrentados pelas empresas ao oferecer:

  • Atualizações automáticas: diferente dos sistemas legados, os provedores de cloud garantem atualizações constantes de segurança e desempenho, reduzindo vulnerabilidades e riscos cibernéticos.
  • Escalabilidade sob demanda: empresas podem ajustar recursos de forma flexível, atendendo a picos de demanda sem investir em infraestrutura física cara e subutilizada.
  • Integração simplificada: a cloud facilita a conexão de sistemas legados com tecnologias modernas, como APIs e soluções baseadas em inteligência artificial, aumentando a eficiência operacional.
  • Redução de custos operacionais: sem a necessidade de investir em manutenção de hardware ou servidores, as organizações economizam e podem redirecionar recursos para inovação.
  • Acessibilidade e colaboração: dados e sistemas podem ser acessados de qualquer lugar, permitindo colaboração em tempo real e aumentando a produtividade das equipes, especialmente em ambientes híbridos ou remotos. 

Como vimos, a migração para a nuvem oferece benefícios como maior escalabilidade, flexibilidade e redução de custos de infraestrutura, além de facilitar o acesso remoto e a colaboração em tempo real. 

Esse processo, no entanto, exige um planejamento cuidadoso para minimizar interrupções e garantir a segurança dos dados.

Integração com APIs

Essa abordagem busca manter o sistema legado em operação enquanto permite sua comunicação com novas plataformas e ferramentas. 

A integração com APIs melhora a eficiência dos processos, viabilizando a adoção de tecnologias modernas sem a necessidade de uma substituição total. 

É uma solução prática para empresas que desejam modernizar gradualmente, reduzindo custos e riscos.

Substituição gradual

Em muitos casos, uma transição completa e imediata para um novo sistema pode ser inviável devido a riscos operacionais e custos elevados. 

É a substituição gradual, feita em fases muito bem estruturadas, que permite que a empresa minimize os impactos na operação e teste novas soluções antes de uma implementação total. Essa estratégia também facilita o treinamento das equipes e a adaptação aos novos processos.

Cada uma dessas abordagens apresenta vantagens e desafios, e a escolha da estratégia ideal dependerá de fatores como o orçamento disponível, o nível de complexidade do sistema legado e os objetivos de longo prazo da organização. 

 

Metodologias de avaliação de sistemas legados

Antes de decidir sobre a modernização de um sistema legado, é fundamental realizar uma avaliação detalhada de seu estado atual, a qual permitirá a identificação de problemas, oportunidades e prioridades, garantindo que a transição seja planejada de forma estratégica e eficiente. 

Algumas das principais metodologias utilizadas para essa avaliação incluem:

 

Análise SWOT

Essa metodologia permite identificar os pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças associados ao sistema legado. 

Por exemplo, pontos fortes podem incluir a estabilidade operacional, enquanto pontos fracos podem abranger a falta de atualizações ou vulnerabilidades de segurança. Já as oportunidades podem envolver a integração com novas tecnologias, e as ameaças podem estar relacionadas a concorrentes que já utilizam soluções mais avançadas. 

A análise SWOT fornece uma visão clara e abrangente para embasar decisões estratégicas.

Custo-benefício

Comparar os custos de manutenção do sistema legado com os benefícios potenciais da modernização é uma etapa crucial. O método ajuda a quantificar o impacto financeiro de manter o sistema atual versus investir em novas tecnologias. 

Além disso, é preciso considerar não apenas os custos diretos, mas também os custos indiretos, como a perda de produtividade causada por falhas ou limitações do sistema antigo.

Mapeamento de riscos

O mapeamento de riscos avalia as vulnerabilidades do sistema legado e seu impacto potencial no negócio, como é o caso das falhas de segurança que expõem dados sensíveis ou a incapacidade de atender a demandas crescentes. 

Um mapeamento detalhado desses riscos não só ajuda a justificar os investimentos necessários, mas também orienta as prioridades da modernização, focando nos aspectos mais críticos.

Consultoria especializada

Obviamente, contar especialistas no assunto é uma prática valiosa para garantir uma avaliação completa e imparcial. 

Empresas especializadas em migração de sistemas podem identificar problemas ocultos, propor soluções sob medida e ajudar a minimizar riscos durante a transição. Essa abordagem é especialmente útil em organizações com sistemas altamente complexos ou críticos para as operações diárias.

Todas metodologias apresentadas, quando aplicadas de forma combinada ou individual, oferecem uma base sólida para decisões estratégicas e necessárias relacionadas à modernização de sistemas legados. 

 

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